Como diferenciar um lugar especial de outro não é?
Todo mundo quer encontrar seu lugar no mundo. Mas onde é e para que?
Acredito que as coisas estão de fato em algum lugar, e que procuramos os lugares das coisas e de nós mesmos no planeta, penso que, a memória é um elemento constitutivo do lugar, pois, para um espaço tornar-se um lugar, precisamos lhe dar significado, atribuir-lhe alguma importância, e neste momento a memória do indivíduo e do espaço se mesclam, e as camadas de tempo e espaço (físico) se unem formando uma memória do lugar, são as camadas de tempo e espaço, que ressignifcam estes locais, sua arquitetura, sua utilidade e as expectativas que a partir dele podemos criar.
Segundo Certau, o caminhante quando anda pela cidade constrói e modifica espaços, usa para esta descrição o termo “moldar espaços”, que seria o correspondente de “moldar frases”. Estas maneiras de construir espaços e discursos seriam “maneiras de fazer”, atividades banais que as pessoas têm ao longo de seus dias, como: falar, comer cozinhar, caminhar, entre outras. Aqui a linguagem é uma propositora de enunciação, cria espaços por meio de declaração, apresenta uma premissa formadora de uma linguagem coloquial, que narra, relata e descreve espaços, lugares, viagens e percurso. E, deste modo, oferece uma forma de apropriação do lugar, pois só se pode discutir, questionar ou propor algo diferente a partir do momento em que se conhece e se articula pensamentos e relatos a partir do espaço vivido.
Está série conta com fotografias tiradas de desenhos que foram realizados com grafite em papel vegetal quadriculado, que evidenciam a transparência e um desenho invade o outro, um o contamina o outro. As questões que envolvidas neste trabalho poético são muito importantes em meu percurso artístico, mostram os termos: espaço, lugar e tempo, muito recorrentes em minha produção artística.
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