Texto que escrevi como interlocutora para exposição individual Composições Heterotópicas, de Diego Alexandre:
Composições Heterotópicas
Por Rafaela Jemmene
Os desenhos, as colagens e as gravuras de Diego Alexandre remetem às camadas de tempo, mesclando-as em passados, presentes e futuros possíveis. São como relatos visuais de lugares, de experiências vividas e de vontades de viver. São fragmentos de um percurso poético que, ao serem expostos, se justapõem e se sobrepõem. E cada imagem já não está mais sozinha, faz parte de uma construção gráfica, denominação usada por Diego ao referir-se às suas montagens.
As construções gráficas são formadas por rostos desenhados e impressos, e também por imagens apropriadas e cotidianas, retalhos corriqueiros e banais. E estes dois polos de imagens juntos formam um todo, que pode ser montado e remontado de diferentes maneiras, mostrando as diversas possibilidades de idas e vindas que este trabalho pode oferecer. A cada dia uma montagem, a cada momento e lugar uma proposta de visualidade. Estas construções-montagens são sempre finais e sempre recomeços de um processo de pensar, viver e fazer.
As camadas de significação propostas pelas Composições Heterotópicas, trazem à tona outros lugares, são como deslocamentos de tempos e espaços que relacionam conceitos e vivência artística de um artista que elabora um trabalho-processo, que parece estar sempre em busca de viver e de significar as camadas do vivido e do percebido. São fragmentos de um fazer que se reúnem em um todo e em um determinado momento, mostrando a vivência e a poesia construída no dia a dia, como uma costura do artístico com o cotidiano, do viver com o relatar. O processo de um artista que é percurso e também é obra. Que é pensamento e é fazer. Que é viver e ressinignificar o vivido.
Serviço:
Exposição Composições Heterotópicas
Biblioteca Central Cesar Lattes, da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp.
De 18 de novembro a 09 de dezembro de 2016.
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